A minha mãe foi recentemente operada e está agora bem em casa a recuperar. Ontem mostrou-me uma carta que recebeu de uma amiga de trabalho, a Manela. Achei que devia partilhar com vocês mães pela forma linda como esta escrita, escreve a importância de mimarmos o corpo desde que nascemos.
Para a menina Luisa
Junho de 2012
Desta vez não foi cultura…não escolhemos livros, nem objetos tradicionais, nem pinturas ou fotografias, nem brincos ou lenços de amor…desta vez olhámos umas para as outras e combinámos “ a menina foi tratar do corpo, nós vamos mimá-lo!”. Porque é preciso.
Mimar o corpo começa na infância, no meio do cheiro do corpo da mãe, do riso do pai e da suavidade dos gestos dos que cuidam, todos os dias, para crescermos melhor. Nesse tempo, o da infância, mimar é dar abraços e beijos, correr de mão dada, comer algodão doce, dar cambalhotas e dormir feliz numa calma quente e lavada.
Depois, mais tarde, mimamos o corpo pela descoberta de sermos homens e mulheres, atravessamos um longo tempo de procura de nós, envoltos em adolescências mais ou menos simpáticas, cobrindo e destapando o corpo, para termos a certeza que a infância já se foi e que ficámos muito depressa, uns adultos extraordinários…ou não!
E depois, perdemos o mimo? Muitas vezes sim, perdidos em tarefas gigantescas de educar filhos, aprender uma profissão, começar a ser “crescidos”, sobretudo com a ilusão das agendas carregadas como passaporte para o sucesso da vida…
E mimar é preciso! Ter tempo para percorrer algumas rugas de amor, beber uma ginginha e dar uma gargalhada, ir ao cinema e beber um bom café, apanhar sol na esplanada mesmo ao lado do pôr-do-sol…tempo para ser quem se é, descobrindo a inteireza de corpo e alma e coração…com mimo!
E receber em dias festivos, um creme a cheirar a flor de laranjeira e um lenço para pôr no pescoço, celebrando a alegria de ainda andarmos por cá, agora e por muitos anos, sempre com uma mala de mimos na mão e o coração a abarrotar dele…
Porque mimar é preciso!
Muitos mais anos junto de quem amas…e de nós, claro!
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