III - Ir viver para o campo - Teresinha




PRIMEIRO ANO, PRIMEIRA DOENÇA

A Teresinha festejou o primeiro ano de vida enfiada em casa... O sol estava radiante, os pássaros chilreavam lá fora e eu pensava – bolas, viemos viver para o campo para apanhar ar fresco e logo no seu dia de anos, a Teresa tinha de ficar fechada em casa... Apesar da rino-faringite havia que festejar de alguma forma. Segui a tradição da família – enfeitar a cadeira do aniversariante (já agora fica a ideia!) com a vegetação local da época, neste caso, alecrim, aleluias, louro em flor. Fizemos um bolo de chocolate, ajudámos a Teresinha a apagar a vela e oferecemos-lhe um CD de músicas tradicionais infantis. Adoentada, parecia, contudo, que sabia que era dia de festa. Não teve febre, estava bem disposta e risonha. No dia seguinte acordou melhor e arrisquei: vamos ver a bicharada a casa da Lara!

Fora das cidades, as pessoas são mais disponíveis e, portanto, conhecer a dedicação e disponibilidade da Lara foi uma feliz confirmação disso. A Lara ajuda-me com a Teresinha, trás-nos pão feito pela mãe no forno de lenha, oferece-nos ovos de galinhas caseiras, tangerinas e limões... e não conta o tempo ao segundo! Levei, portanto, a Teresinha ao “jardim zoológico” da Lara, que vive em Cem Soldos, a aldeia perto de nossa casa.

Não sei quem estava mais contente ao ver a bicharada, se a Teresinha se eu! Patos, coelhos, galinhas, cágados, cães, gatos, melros, rolas, piriquitos convivem em harmonia num campo de oliveiras. Contudo, a sensação máxima para a minha filha foi a crista da galinha! Com um ano de idade é difícil que apreendam tudo mas, provavelmente, o contacto precoce com animais estimula os sentidos e curiosidade – não é em vão que a primeira palavra da Teresinha foi gato! Fiquei toda contente por não ter cumprido a recomendação do médico – mal sabia eu que me esperavam umas noites mal dormidas por causa da otite que se seguiu...

Mas bom, ainda trouxe para casa pão, ovos frescos e pão-de-ló de 10 belas gemas caseiras!

Um pequeno almoço cheio de felicidade








Obrigada a todas pela vossa presença, pelo vosso apoio, carinho e  força. 

Vou levar-vos no coração...

Um encontro com Tai chi e Chi kung





Obrigada Madalena!
Que saudades Adriana e Maria Paz!
Que bom Ângela estares de novo connosco.

Com muita conversa e oxitocina assim se passou mais um encontro de quarta-feira...

Amanhã é dia de encontro

Quarta-feira dia 16 de Março às 11:30!

II- Ir viver para o Campo - Teresinha



QUANTO TEMPO UMA MÃE TEM

 

Mulheres sentem-se culpadas quando levam trabalho para casa. 09/03/2011

http://ww2.publico.pt/Sociedade/mulheres-sentemse-culpadas-quando-levam-trabalho-para-casa_1483844

 

A propósito desta notícia...

 Uma das razões que me ajudou a pedir uma licença para assistência a filho foi o medo dos horários loucos da televisão. Como produtora de informação, esgotados os meses de horário reduzido, esperar-me-iam horários por turnos, incluindo fins de semana, dias úteis, noite e dia.

Sofria por antecipação e perguntava-me como é que iria conseguir estar com a Teresinha, acompanhá-la regularmente, seguir os seus ritmos e desenvolvimento. Conseguiria eu “viver” a minha filha em qualidade e quantidade?

 

A decisão estava tomada. Vamos deixar os nossos empregos, no matter what, e vamos viver para Tomar.

Comecei a pensar nas opções: peço uma licença sem vencimento e se for recusada (suspeito que seria), despeço-me. Eis senão quando me dizem que existe uma licença especial de maternidade. E fez-se luz!

Mães de todo o Portugal, oiçam! O artigo 52º do Código de Trabalho estipula uma licença para assistência a filho, ainda que esgotado o período inicial da licença de maternidade. Segundo este artigo, a licença é comunicada e não está condicionada á autorização da entidade patronal. Até ao limite de dois anos, a licença pode ser gozada ininterruptamente ou de modo interpolado. Um pormenor... deixa-se de receber ordenado.

Para quem não quer tomar a decisão radical de se despedir e para quem quer passar mais tempo com um filho durante determinado período, o artº 52º é a salvação. Acabado o tempo requerido, está garantido o regresso ao local de trabalho.

 

Estou de licença há dois meses, não trago trabalho para casa, nem tão pouco preocupações laborais (terei outras, como é obvio). A minha carreira está em banho-maria, os tostões estão todos contados mas tenho todo o tempo do mundo!

Em Tomar, no campo, a viver uma licença de maternidade, o tempo tem outro gosto e outra velocidade: sabe a alecrim e alfazema, sabe a risadas infantis e a passeios em terra húmida / tem 24h serenas e de bem com a vida.

Teresa

 

Aqui fica o artº 52º

 

Artº 52º - Licença para assistência a filho

1 – Depois de esgotado o direito referido no artigo anterior, os progenitores têm direito a licença para assistência a filho, de modo consecutivo ou interpolado, até ao limite de dois anos.

2 – No caso de terceiro filho ou mais, a licença prevista no número anterior tem o limite de três anos.

3 – O trabalhador tem direito a licença se o outro progenitor exercer actividade profissional ou estiver impedido ou inibido totalmente de exercer o poder paternal.

4 – Se houver dois titulares, a licença pode ser gozada por qualquer deles ou por ambos em períodos sucessivos.

5 – Durante o período de licença para assistência a filho, o trabalhador não pode exercer outra actividade incompatível com a respectiva finalidade, nomeadamente trabalho subordinado ou prestação continuada de serviços fora da sua residência habitual.

6 – Para exercício do direito, o trabalhador informa o empregador, por escrito e com a antecedência de 30 dias:

a) Do início e do termo do período em que pretende gozar a licença;

b) Que o outro progenitor tem actividade profissional e não se encontra ao mesmo tempo em situação de licença, ou que está impedido ou inibido totalmente de exercer o poder paternal;

c) Que o menor vive com ele em comunhão de mesa e habitação;

d) Que não está esgotado o período máximo de duração da licença.

7 – Na falta de indicação em contrário por parte do trabalhador, a licença tem a duração de seis meses.

8 – À prorrogação do período de licença pelo trabalhador, dentro dos limites previstos nos n.os 1 e 2, é aplicável o disposto no n.º 6.

 

Uma mensagem para ti Ângela - Força





As melhoras do Carlos...

Histórias

 
PLANTAR ÁRVORES PARA CURAR A TERRA
 
Desde a independência do Quénia, nos anos 60, que o governo tem trabalhado para modernizar o país, mas muitos problemas se têm deparado. À medida que a população cresce, mais árvores são cortadas para se obter terra para cultivar e lenha para cozinhar e aquecer. Sem as raízes das árvores para segurar a terra, as chuvas fortes fazem desaparecer o solo fértil. As florestas estão a dar lugar a novos desertos.
 
♦♦♦♦♦♦
 
Esta é a história de alguém que está a trabalhar para melhorar a vida dos habitantes do Quénia. O nome dela é Wangari Maathai, e o seu trabalho não é nada fácil. Wangari Maathai foi uma das quenianas que tiveram a sorte de receber uma formação académica. Na escola, disseram-lhes, a ela e aos outros jovens, que seriam eles os futuros líderes do país. Teriam a responsabilidade particular de trabalhar para ajudar o povo queniano. Wangari tomou a sério esta responsabilidade. Quando acabou a escola e viu o que estava a acontecer à terra, decidiu ajudar a plantar árvores. Não umas poucas árvores no jardim lá de casa, nem algumas centenas numa pequena floresta, mas milhares de árvores, milhões mesmo.
O seu primeiro projecto não correu muito bem. Conseguiu obter de graça seis mil árvores, mas estas eram frágeis, com raízes pequenas e apenas algumas folhas. Decidiu dá-las a plantar a pessoas que precisavam muito de trabalho. Mas essas pessoas não tinham nem as ferramentas necessárias, nem dinheiro para irem de autocarro até ao trabalho. Acresce que, devido a uma época de seca excessiva, o governo decidiu que não se podia utilizar água nos jardins. Apenas duas das pequenas árvores não morreram. Foi um começo muito desencorajador.
Por essa altura, Wangari foi a uma conferência das Nações Unidas no Canadá. Conheceu pessoas como Margaret Mead e Madre Teresa, pessoas com muita experiência no tocante a melhorar as vidas dos outros. Isso deu-lhe forças para continuar a tentar, mas percebeu que não poderia fazê-lo sozinha. Wangari voltou então para o Quénia e fundou uma associação de mulheres de todo o país. O seu primeiro projecto foi levar líderes importantes a plantar sete árvores em Nairobi, a capital do Quénia, em honra de sete grandes heróis quenianos. As suas fotografias saíram nos jornais, tendo tido assim muita publicidade. Infelizmente, as pessoas que deveriam ter tomado conta das árvores não lhes deram água suficiente. As árvores depressa morreram.
Em seguida, Wangari e a associação estabeleceram o objectivo de plantar milhões de árvores em terrenos públicos. As pessoas que viviam perto olhariam por essas árvores. Chamaram ao projecto “Salvem a Terra Haram-bee” (Ha-rahm-BAY quer dizer ”Caminhemos na mesma direcção”). O departamento florestal do governo gostou dos projectos das mulheres empenhadas e concordou em dar-lhes, de graça, plantas semeadas. Mas quando o comité pediu quinze milhões de plantas ainda novas, o departamento decidiu que não podia ser assim. Quinze milhões eram demasiado.
Isto deu outra ideia a Wangari. Além de ajudar a plantar árvores, queria também dar poder às pessoas que não tinham nenhum: por que não treinar as mulheres para criar viveiros de árvores? Assim, as mulheres poderiam ganhar dinheiro ao fornecer-lhe as árvores que ela queria plantar. A ideia funcionou. As mulheres foram ensinadas a fazer enxertos de árvores que cresciam naturalmente nas suas zonas. Aprenderam a plantar árvores, a cuidar delas e a gerir um pequeno negócio. Estavam a aprender a ajudar-se a si próprias e, ao mesmo tempo, a ajudar a terra. Era maravilhoso. Em breve, muitas pessoas começaram a plantar os tipos certos de árvores, da forma correcta. Plantavam-nas em fila, de modo a servir de barreira contra o vento e a manter a humidade do solo. À medida que as árvores cresciam e os seus ramos se expandiam, podiam ser podadas. As que eram abatidas serviam como lenha. O que era igualmente maravilhoso.
Todas as rádios e televisões davam notícias sobre as plantas e as árvores novas. Chegaram cartas de escolas, de igrejas, de instituições públicas, a pedir árvores para plantar. A ideia de Wangari ganhou um novo nome. Passou a chamar-se Green Belt Movement. Por todo o Quénia, tanto nas cidades como nas aldeias, as pessoas começaram a formar associações. Os membros do Green Belt reuniam-se para explicar a importância das árvores. Arranjavam ferramentas de jardim, tanques de água, e davam formação àqueles que eram contratados para olhar pelas árvores. Muitas vezes, contratavam pessoas com deficiência, para as quais encontrar trabalho era ainda mais difícil. Centenas de pessoas conseguiram assim um emprego.
Wangari descobriu que, frequentemente, as pessoas plantavam as árvores com grande entusiasmo, mas que, depois, desistiam de cuidar delas. Por isso, muitas árvores morriam. Então, os membros do Green Belt tentaram uma ideia nova. Sempre que se plantavam novas árvores, prometiam mandar a essas pessoas dinheiro pelas árvores que ainda estivessem vivas seis meses depois da plantação. Saber que seriam monetariamente recompensadas fazia com que as pessoas fossem mais cuidadosas com as pequenas árvores enquanto estas criavam raízes.
Mas Wangari estava preocupada: muitos plantadores de árvores tinham trazido novos tipos de árvores que cresciam rapidamente. Estas podiam ser cortadas e vendidas mais cedo do que as árvores naturais do Quénia. As pessoas descobriram que, assim, conseguiam dinheiro mais depressa… Mas as árvores que são plantadas para serem abatidas dentro de poucos anos não resolvem o problema da erosão do solo. E estas árvores perturbam o equilíbrio próprio da natureza. Além de lenha e material para construção, as árvores nativas do Quénia fornecem igualmente forragem para animais, frutas, mel e ervas medicinais, coisas que as árvores importadas não provêm.
Wangari começou então a trabalhar arduamente para ensinar às pessoas que as árvores nativas são melhores para o Quénia e foi-se apercebendo de que os seus esforços não têm sido em vão: em apenas doze anos, foram criados mil e quinhentos viveiros de árvores. Mais de dez milhões de árvores nativas foram plantadas em terrenos públicos pelo Green Belt Movement. Muitas estão em recintos verdes perto de escolas e são as crianças que tomam conta delas. Mais de um milhão de crianças fazem este trabalho. Cada criança cuida de uma ou de duas árvores. Em 1989, o Global Windstar Awards deu a Wangari Maathai dez mil dólares pelo seu trabalho de plantação de árvores e de defesa do ambiente no Quénia. As pessoas perguntaram-se o que iria ela fazer com todo esse dinheiro. Na cerimónia de entrega do prémio, Wangari anunciou que o daria a viveiros de á rvores e às associações do Green Belt Movement noutras partes de África.
Wangari Maathai fala muitas vezes sobre “aquilo que há de Deus” em todos nós. Acredita que “o que há de Deus em nós” é a nossa capacidade de nos importarmos com as pessoas – todas as pessoas – e com a nossa Terra preciosa.
 
Janet Sabina e Marnie Clark
 
Lighting Candles in the Dark
Philadelphia, FGC, 2001
(Tradução e adaptação)

Encontro Quarta






Conversamos sobre o papel dos avós no dia a dia dos nossos filhos e no das mães...

Ir Viver para o Campo - Teresinha




A Teresa mãe e a teresinha filha saíram de Lisboa e foram viver para Tomar, para o campo saborear de uma longa licença para ser mãe.

Eis o iniício da sua partilha...

Faz um ano.

Há um ano andei a correr e a saltar numa praia da Caparica, fui comer caril num indiano de esquina e bebi sumo de ananás num miradouro de Lisboa. No final do dia, tomei um banho de imersão – fiz tudo o que supostamente, diz-se por aí, provoca contracções. Nada funcionou. 

A Teresinha só nasceu dias depois, com 41 semanas, induzido o parto. Na véspera fui ao cinema ver “NAS NUVENS”, com o George Clooney - nada de memorável. Estava longe de saber o que é verdadeiramente subir aos céus quando se tem um filho nos braços.

Na noite em que a Teresa da Anunciada nasceu estava NAS NUVENS - mas não sem antes sentir medo: receava não dilatar o suficiente e que me propusessem uma cesariana. Acabei com a minha filha nos braços, depois do parto vaginal. NUVENS gordas, fofas, brancas - daquelas perfeitas dos desenhos das crianças!!!

Entretanto, vivi seis meses de licença de maternidade – NAS NUVENS - amamentei 10, trabalhei três em horário reduzido. Medo outra vez: e quando deixar de ter horário reduzido? Como vou conseguir conciliar ser a boa mãe que desejo ser e ser a profissional que gosto de ser?

Quis o destino, quis a família que fossemos viver para o campo há um mês. Que medo – que mudança tão radical...

Mas estamos NAS NUVENS!... A Teresinha cresce radiosamente e eu tento ser uma mãe - profissional. 

Parabéns minha filha.


Há ano nas NUVENS!

Teresa

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