Aqui fica uma partilha de uma amiga muito querida...
O livro é Connection Parenting
da Pam Leo.
de Jean Liedloff, tornar-me mãe num universo moderno-ocidental acabou
por desvendar-me mais desafios do que julgava.
Em meu resgate veio o “Connection Parenting” de Pam Leo, mais um
daqueles raros exemplos que demonstram quão pode uma mãe moderna
beneficiar de umas quantas leituras.
Apesar do seu formato ao estilo de um manual escolar que poderá
irritar as mentes mais académicas, a sumarização das ideias, os
exemplos e as instruções fazem deste livro de auto-ajuda um “no-fuss”
precioso amigo nos momentos de dúvida.
Ultimamente tenho-me deparado com situações de gestão de crise que me
fizeram lembrar um capítulo específico do livro e a qual gostaria de
partilhar convosco, voltando a trazer este tema à baila.
Resumindo, Leo afirma que nas relações com os filhos a coação deve dar
lugar à conexão e que o amor deve substituir o medo. Para crescerem
saudáveis, as crianças necessitam de criar uma conexão com pelo menos
um adulto, criando assim uma relação forte entre pai-filho.
Estabelecemos conexão com os nossos filhos respeitando-os, dando
ouvidos aos seus sentimentos, “enchendo a chávena do amor”,
comunicando e descodificando o seu comportamento, o que não pode
facilmente ser feito sem antes nós, os adultos, termos estabelecido
uma boa conexão com as nossas próprias necessidades.
O ponto que eu gostaria de focar é o da dor emocional que os seres
humanos curam ao libertarem os sentimentos de dor numa resposta
natural e espontânea como o choro. Acontece que nós, os adultos,
temos a mania de interferir com este processo (assim como com tantos
outros) quando observamos crianças a chorarem ou numa crise de
frustração e raiva, o que por sua vez as leva a desligar essa resposta
natural o que resulta no acumular de sentimentos reprimidos.
Como do ponto de vista holístico a repressão de sentimentos leva à
supressão do sistema e a longo prazo ao desenvolvimento de condições
crónicas e sistema imunológico comprometido, o tema da auto-cura
emocional nas crianças é-me especialmente importante em clínica.
Chamo a atenção para exemplos de atitudes que resultam do facto de não
sabermos como lidar com a dor dos nossos filhos e que bloqueam o seu
processo de cura da dor emocional:
Invalidação: “Vá, vá, não ha razão para chorares.”
Vergonha: “Não chores. Não sejas bebé. Já és um homenzinho/menina
grande. Não sejas mariquinhas.”
Ameaça: “Já te vou dar razão para chorares.”
Aplacação ou compensação: “Eu arranjo-te um novo.”
Distração: “Olha, toma uma bolachinha.” “Toma a maminha.”
Isolamento: “Vai para o teu quarto até parares de chorar.”
Ignorando: verbal ou não-varbal, “Não falo contigo até parares de
chorar.”
Excedendo: “Achas que isso é mau? Olha o que me aconteceu/ o que
aconteceu àquele menino.”
Culpabilizando: “Tu tens tanto; não devias ficar triste por uma coisa
como esta.”
Humor: a criança deu uma queda, “Vê la se magoaste o chão!”
Estas reacções transmitem todas as mesmas mensagens às nossas
crianças: “Desliga a capacidade de expressão e libertação dos teus
sentimentos de dor.”
Tendo nós próprios passado por bloqueios nos nossos processos
emocionais, ultrapassar esta pre-programação e ajudar os nossos filhos
na sua expressão pode ser difícil ou mesmo confuso.
Será melhor que ao depararmo-nos com a dor dos nossos filhos estejamos
presentes no momento e não nos apressemos a “mudar o mundo e a salvá-
los daquela situação”.
Leo lembra as razões pelas quais as crianças choram:
• Se uma pessoa chora é porque existe mágoa.
• Ninguém sabe o que é estar na pele de outra pessoa, logo não
deveremos julgar que o outro não tem razões para chorar.
• Podemos não saber o que está a causar a dor, mas sabemos ouvir.
• Para a pessoa é importante que oiçamos, não que compreendamos.
• Quando as crianças se magoam precisam de se expressarem e libertarem
os sentimentos para curarem essa dor.
Revisitar esta lista tem-me ajudado a manter as coisas em perspectiva
não só com crianças, tanto no dia-a-dia em família e amigos como em
trabalho, por isso aqui a deixo, como um ponto de foco e meditação.
Espero que vos seja útil.
Um abraço fraterno.
( Adriana Candeias, PhD
Fisiologia e Homeopatia)
Fisiologia e Homeopatia)
Olá,
ResponderEliminarNão conhecia o livro mas fiquei desde já muito interessada, pois é um tema que já me acompanha faz algum tempo.
Já escrevi sobre isso no meu blog - "aprender a suportar o sofrimento"
Obrigada pela partilha desta informação irà certamente complementar a minha reflexão sobre o assunto.
Boa tarde,
ResponderEliminarEstou a tentar encontrar este livro e não o encontro em lado nenhum. Das pesquisas que fiz na net, encontrei este site. Conhecem alguma livraria que o tenha? Vivo nos arredores de Lisboa. Por favor responder para sandracgslc@gmail.com
Obrigada!
Sandra